Não é segredo para ninguém que o plástico está entre os maiores poluentes do planeta atualmente, gerando muita discussão sobre o que deve ser feito para conter e reduzir os impactos causados pelo seu consumo. A pergunta é: como se livrar de algo que revolucionou o conceito da praticidade, fez nossos carros serem mais leves, coloriu nossas paredes, conservou por mais tempo nossos alimentos e tornou nossa vida muito mais fácil?
Ainda que a resposta fosse extinguir o uso dos plásticos e seus derivados, essa não parece ser a solução mais provável no momento. Na verdade, há uma nova problemática causada pelo plástico que ninguém enxerga. Seu nome é microplástico.
Microplásticos são pequenas partículas de plásticos, com medida de 1 a 5 milímetros, provenientes, por exemplo, de redes de pescas, embalagens, pneus e até mesmo roupas feitas de tecidos sintéticos. O plástico desses produtos é fragmentado em micropartículas chegando aos oceanos através do descarte inadequado dos resíduos que acabam sendo ingeridos pelos plânctons e outros animais que habitam os grandes mares.
Das nossas roupas aos aterros. Dos oceanos às nossas mesas
Um estudo realizado pela especialista em biologia marinha Judith S. Weis, revela que as fibras sintéticas como poliéster, poliamida e elastano são responsáveis por cerca de 85% de toda a composição de microplásticos presentes nos Oceanos, sendo também chamadas de microfibras. Além desse material ser nocivo por si só, ele ainda tem capacidade de absorver produtos tóxicos como: metais pesados e os pesticidas poluentes orgânicos persistentes (POPs), fazendo com que o dano à biodiversidade marinha seja muito maior.
E não para por aí. Ao consumirmos o peixe de toda a semana ou até mesmo outros frutos do mar, existe uma considerável chance de já estarmos ingerindo este plástico e os poluentes que foram absorvidos por eles, propagando assim a intoxicação em toda a cadeia alimentar. É assim que os danos relativos ao microplático atingem diretamente a nossa saúde.
A grande questão deste problema é uma pergunta que devemos fazer a nós mesmos a partir de agora: queremos continuar produzindo materiais que ficam segundos em nossas vidas, mas que duram para sempre nos Oceanos afetando a vida marinha e também a nossa?
Por Barbara Oliveira,
Técnica em Química e estudante de Engenharia Química.
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